segunda-feira, 9 de maio de 2011

PICASSO E VELÁSQUEZ

Gosto de arte. Quando estava em crise com minha pesquisa no doutorado, andava pelos museus de São Paulo, para refrescar a cabeça. Quando fui a Paris, sabia da importância da Mona Lisa, o mesmo aconteceu quando fiquei, em Madri, diante dos quadros de Picasso e de Velásquez. Sabia a impressão que Las Meninas havia deixado em Michel Foucault:

"C'est que peut-être, en ce tableau, comme en toute representation dont il est ainsi dire l'essence manifestée, l'invisibilité profonde de ce qu'on voit est solidaire de l'invisibilité de celui qui voit, malgré lés miroirs, les reflets, les imitations, les portraits." (Les Mots et Les Choses, p. 31)

É impossível não pensar na idéia de representação diante do quadro de Velásquez. Por outro lado, não há como negar a grandiosidade da obra de Picasso. É uma "viagem": ver o quadro todo ou observar atentamente um detalhe, um "momento", perceber, como diz Marshall Berman, "(...) as figuras de Guernica, de Picasso, lutando para manter viva a própria vida, enquanto emitem o seu grito agudo de morte." (Tudo que é Sólido Desmancha no Ar, p. 30)

Trata-se de uma experiência única passear pelo corredores do Museu do Louvre, do Museu Britânico ou do Museu do Prado. O mesmo pode ser dito ao visitar a Capela Sistina ou outras catedrais na Europa.

Diante de uma obra de arte, o indivíduo muda o humor, fica, por um instante, diferente. Acontece algo. É uma experiência, para muitos, tranqüilizadora.