segunda-feira, 9 de maio de 2011

COLUMBINE & LÍBIA

O homem nasce "programado" para morrer. É fato. A destruição e a auto-destruição, assim como a valorização da vida, estão em sua genética. É uma contradição básica que existe em toda pessoa. Leia Freud.

Tradicionalmente, no mundo ocidental, para conter o instinto de violência, foram criadas algumas instituições, como a família, a escola e a religião. Para civilizar o indivíduo, a família era fundamental na infância. Em seguida, a escola assumiria o papel da educação. A igreja, no capitalismo, perdeu o poder que tinha antes.

Estas instituições baseavam o seu poder na figura da autoridade que detinha o saber : o pai, o professor e o padre. A criança e o jovem recebiam o conhecimento dos seus superiores.

A popularização do computador pessoal e da internet, depois do lançamento do Windows 95, mudou esta realidade. Não existe mais uma relação vertical do saber. Todos tornaram-se produtores e consumidores do conhecimento. Não existe mais uma relação de superior e inferior. Não existe mais "a" autoridade.

Pais, professores, padres e governos têm medo da internet. Não deveriam. Ela é um instrumento usado pelas pessoas.

Houve vários massacres antes de Columbine, mas o que fez dele um ícone foi a internet. Se fosse antes, o massacre poderia ser "editado" pela televisão como alerta de um exemplo que não poderia ser seguido. Este monopólio da informação não existe mais.

Atualmente, a internet tem sido usada como uma ferramenta importante nas transformações sociais de países como o Egito, a Líbia, a Tunísia, entre outros. Os jovens, com a internet, derrubam governos.

Os dois exemplos mostram como o uso da internet pode trazer resultados negativos ou positivos para a sociedade. O que não pode acontecer é fingir que a internet não existe. Não dá para acreditar que a sua utilização não altere as relações entre as pessoas.

Assim, o problema não seria apenas rever os papéis de instituições como a família, a escola e a religião. Trata-se sobretudo de entender que a maneira de saber (e sua relação com a autoridade) mudou. Não basta amarrar o filho dentro de casa, nem colocar guardas armados nas escolas e, muito menos, jogar bombas contra a própria população (como na Líbia). Admitir que as relações não são mais as mesmas é o primeiro passo para a reflexão que poderá apresentar soluções (mesmo que provisórias) para as crises atuais.