quinta-feira, 21 de novembro de 2013

COTIDIANO E ALIENAÇÃO

Problematizar a alienação não é algo simples. O pressuposto, basicamente, seria que as pessoas são adultas e, portanto, seria possível discutir e desmistificar a realidade. Mas não é tão simples assim. Se o que mantém um indivíduo vivo seria a ilusão proporcionada pelos dogmas de uma religião, se isso for tirado dele, o que sobra? Gente mais esclarecida usa drogas legais (Lexotan, Prozac, Lithium, Zoloft, Rivotril, entre outros) e ilegais (cocaína e maconha, por exemplo) quando acham necessário no sentido de suportar as contradições da realidade. Mas e uma pessoa das chamadas classes populares? Karl Marx estava certo: a religião "é o ópio do povo." Trata-se de acreditar que tudo pode melhorar no futuro (que não existe) e aceitar o sofrimento do cotidiano (que é real). Novamente, Karl Marx: "O sofrimento religioso é, ao mesmo tempo, a expressão do sofrimento real e um protesto contra o sofrimento real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração e a alma de condições desalmadas." Aceitar que a dor seria necessária ao ser humano, de certa forma, seria como ter fé num "futuro perfeito". Alguns podem argumentar que o próprio Marx acreditou nisto ao defender o comunismo e o socialismo. Talvez. A minha sugestão é que, ao ler Marx, não deve ser confundida a sua prática política com a sua filosofia. Em outras palavras, trata-se de um pensamento sofisticado que não pode ser confundido com as práticas dos ditos comunistas desde a Revolução Russa até os dias de hoje.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

INTERNET, GLOBALIZAÇÃO E CAPITALISMO

Karl Marx já denunciava, no século XIX, as "tendências globais" do capitalismo e a transformação do homem em uma "mercadoria".

A partir da revolução tecnológica proporcionada pelo computador pessoal e pela Internet, tudo isso aparece mais claro aos olhos de todos e muitos pensadores - como Domenico de Masi e Pierre Lévi - tentam explicar o mundo atual. Conseguem? Não. As transformações são muito rápidas.

Alguns intelectuais, mesmo assim, tentam apresentar uma "resposta" para o que estaria ocorrendo no mundo. Na maioria dos casos, porém, aparecem mais palavras de ordem ou expressões gerais que servem para impressionar sobretudos as pessoas da classe média - consumistas e individualistas.

Andrew Keen utiliza termos como:

"a superexposição dos usuários,
(...) a 'doutrina da multidão' 
(...) 'geração sem mistério'
(...) 'ditadura da ignorância'." *

Interessa aos capitalistas descartar as diferenças individuais e tratar as pessoas como uma "massa de consumo". Doutrina da multidão? Provavelmente... mas sempre foi assim de acordo com os princípios desse sistema.

Para atingir os seus interesses e apresentar os seus objetivos particulares como a vontade da maioria, interessava às lideranças burguesas formar indivíduos alienados, pessoas incapazes de perceber que o que existira por trás desse discurso hegemônico. Ditadura da ignorância? Claro. Entretanto, isso é uma base do modo de produção e não algo criado recentemente.

O problema da 'superexposição dos usuários' da Internet não seria apenas produzir uma 'geração sem mistério'. A questão estaria, provavelmente, na causa de tal exibicionismo. O elogio da ostentação também não é algo novo ao capitalismo. Os indivíduos tentam criar, com seus bens materiais - financiados a longo prazo - uma realidade que não é verdadeira, ou seja, todos querem "parecer" ricos e bonitos. As ferramentas da Internet - como Facebook ou Twitter - somente facilitam esse processo.
Em suma, o capitalismo não mudou. O que aconteceu, com a tecnologia atual, foi um reforço de princípios que duram séculos.

* http://veja.abril.com.br/noticia/vida-digital/twitter-e-facebook-vao-acabar-com-segredos-das-pessoas

quinta-feira, 12 de julho de 2012

POLÍTICA: JOGO DE XADREZ?

O ex-presidente Lula acredita que realmente é especial e que a sua popularidade lhe daria poderes especiais, como pressionar e chantagear um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) no sentido de adiar o julgamentos dos seus amigos no processo do "mensalão". Parece que Lula acredita ainda que as pessoas não lembram da sua oposição radical ao Paulo Maluf. A aliança com o ex-governador de São Paulo - com direito a uma foto histórica - deveria constranger qualquer petista que conhece a história do partido. A crença em "poderes especiais" pode ser explicada pelo poder que Lula exerce no Partido dos Trabalhadores, mas não há como negar também o papel dos dirigentes dos meios de comunicação de massa que insistem em não mostrar os grandes erros do seu governo. O mais óbvio e que não é debatido é o aumento no número de funcionários públicos, inclusive na ampliação de unidades do ensino superior. Ampliar, contratar e criar novas despesas era uma tarefa fácil para o ex-presidente - que conseguia a simpatia dos trabalhadores, sindicalistas e, portanto, obtinha um aumento em termos de votos nas eleições. O problema, claro, seria do seu sucessor, que teria que pagar os salários e cuidar da manutenção adequada das novas e das antigas unidades do governo federal. Esse é o problema da presidente Dilma. A greve nas universidades federais é justa, mas o problema não foi criado pela presidente atual. O mentor do projeto foi p ex-presidente Lula e a presidente Dilma não pode denunciá-lo não apenas por ser do mesmo partido político mas sobretudo por vê-lo como seu "padrinho político". É o que, entre alguns pensadores da esquerda, chamam de "complexo da dívida". Em 2009, no portal Terra aparecia uma matéria com o título: "Número de funcionários públicos cresce 11,75% no governo Lula". Os dados eram claros: "O Executivo federal tem hoje 542.843 servidores civis ativos, um acréscimo de 11,75% em relação aos 485.741 servidores no início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. De acordo com o secretário de Gestão do Ministério do Planejamento, Marcelo Viana, houve a contratação de mais 57.102 servidores de 2003 até agora. Deste total, mais de 29 mil contratações ocorreram na área de educação, sendo 14 mil professores." * No Valor Econômico, em 09/07/2012, diante de uma "ameaça de greve geral", Lula era lembrado: "O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a sua experiência de sindicalista, certa vez comparou a greve dos funcionários públicos a férias remuneradas. Por isso, no Brasil de hoje, existem trabalhadores de primeira e de segunda categoria: os servidores públicos, com todas as suas vantagens e um direito de greve especial; e os trabalhadores da iniciativa privada." ** A greve geral seria algo justificável, de acordo com o presidente da CUT, Artur Henrique: " 'Não dá para retroceder em relação aos oito anos de governo Lula (...) Não dá para esticar essa corda', diz, cobrando uma resposta rápida do governo, o que, segundo ele, poderia evitar uma greve geral dos servidores." *** Seria uma luta dos petistas contra petistas? O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, na mesma matéria do jornal Estado de São Paulo, afirma que trata-se de "um jogo de xadrez bem complexo." *** Complexo? Por quê? O problema seria como resolver uma crise iniciada pela liderança do PT sem "manchar a imagem" do Lula? O "jogo de xadrez" contará com novas "peças" do STF no julgamento do "mensalão" em agosto. Nesta nova etapa, provavelmente será mais difícil manter "limpa" a história política do ex-presidente Lula. * Número de funcionários públicos cresce 11,75% no governo Lula. 06/10/2009. http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4024735-EI7896,00-Numero+de+funcionarios+publicos+cresce+no+governo+Lula.html ** Ameaça de greve geral reaviva velhas discussões. Valor Econômico, 09/07/2012. http://www.valor.com.br/impresso/ Apud http://servidorpblicofederal.blogspot.com.br/ *** Marta SALOMON e Tânia MONTEIRO Sem Lula no Planalto, CUT aumenta pressão sobre Dilma por salário maior. O Estado de S.Paulo, 09/07/2012. http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,sem-lula-no-planalto-cut-aumenta-pressao-sobre-dilma-por-salario-maior-,897828,0.htm

terça-feira, 15 de maio de 2012

REVOLUÇÃO, SUICÍDIO E CRISE: 1845 E 2012

O país símbolo da crise atual é a Grécia. A aceitação de um plano de autoridade, com cortes nos salários e nas aposentarias, teve também, em 2012, o seu símbolo: o suicídio de um aposentado que dizia que preferia morrer do que perder a dignidade e morar nas ruas. Como foi dito em outro texto, em 2011, por causa da crise econômica, já havia ocorrido um aumento de 40% no número de suicídios neste país. (Notícias UOL) O suicídio, neste contexto, aparece como resultado de uma época em que as pessoas não acreditam em movimentos sociais, nos partidos políticos ou em revoluções. O único aspecto que permanece é a ganância da elite. A indiferença quanto aos desempregados, o aumento visível da miséria, também não é algo novo. Em 1845, Friederick Engels, diante da crise que vivia a maioria da população no Reino Unido, observava: "Se, ainda em tempo, a burguesia inglesa não parar para a reflexão - e tudo indica que isso certamente não ocorrerá - uma revolução, como nunca se viu até agora, acontecerá." (The Condition of the Working Class, p. 320) No século XIX, a revolução comunista era vista como a solução para a crise. A ação individual, como o suicídio ou qualquer outro ato, era descartada: "Além disto, não ocorre a qualquer comunista desejar a vingança individual ou acreditar nela. (...) É muito tarde para uma solução pacífica. As classes estão divididas (...)" (The Condition of the Working Class, p. 320-321) Os comunistas, em 1845, acreditavam na "certeza" de um evento que ocorreria no futuro: a revolução que acabaria com a divisão de classes. "As premissas [para isso] estariam nos inegáveis fatos decorrentes do desenvolvimento histórico e da natureza humana." (The Condition of the Working Class, p. 321) A revolução imaginada em 1845 não aconteceu. Em 2012, o indivíduo, diante da crise social, não imagina uma revolução como resposta. O problema, em 2012, é que esse mesmo indivíduo não apresenta outra alternativa. Daí, para alguns, o suicídio aparece como a única saída.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

A QUALIDADE DO ENSINO SUPERIOR NO PAÍS

Os dirigentes do Ministério da Educação revelaram, agora em novembro de 2011, que, em dez anos, dobrou o número de estudantes nas universidades - 3 milhões em 2001 e 6.3 milhões em 2011. Reconheceram ainda que 15% dos alunos fazem parte do chamado Ensino a Distância (EaD).
Apesar do auto-elogio da propaganda oficial, é importante lembrar que trata-se de um discurso que destaca o aspecto quantitativo, quando o principal problema no setor diz respeito exatamente à questão da qualidade. Entretanto, não existe debate algum nesse sentido.
O resultado desta omissão pode ser percebido, por exemplo, na fala dos empresários. Eles reclamam do nível dos profissionais formados nas universidades brasileiras. Dizem que ocorre uma "apagão de talentos" no país e que seria necessário importar mão-de-obra.
Neste momento, cabe uma pergunta: o que é, de fato, o ensino superior no Brasil? Todos reconhecem que a maioria, atualmente, estuda em instituições particulares, normalmente em cursos noturnos.
Se na época do governo Fernando Henrique Cardoso, no setor educacional, o que mais chamava a atenção era o "Provão" - sistema de avaliação da educação superior, que ameaçava fechar as escolas que não apresentavam qualidades mínimas de ensino -, na administração Lula, o destaque foi dado para o ENEM, que, inicialmente seria para avaliar o ensino médio e depois tornou-se um instrumento para a seleção de estudantes para as universidades federais. Houve, de fato, uma mudança de foco na educação.
No governo Lula, para o ensino superior, houve, de um lado, a expansão de vagas nas instituições federais e, de outro, um "silêncio" quanto à avaliação das faculdades particulares. O resultado foi a demissão em massa de mestre e doutores. Em um artigo publicado na revista Caros Amigos (n. 120), em 2007, Alanna G. Garcia Alaniz afirmava: "Nos últimos dois anos, a cada fim de semestre, surtos de pânico acometem o corpo docente das instituições particulares de ensino superior. É que esse é o período de "tiro ao doutor' ."
Além disto, os representantes das instituições particulares defendiam que a universidade não precisava tratar de pesquisa, ensino e extensão, que isso só deveria acontecer em casos específicos. Ou seja, no geral, as instituições deveriam ter como função exclusiva o ensino. Isso, claro, comprometeu ainda mais a qualidade dessas escolas.
Outro ponto foi o avanço do EaD, aproveitando as novas regras da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996. Na prática, não havia só cursos a distância - ou semi-presenciais -, mas também várias disciplinas, dentro das faculdades, como Antropologia, Sociologia, Economia e Metodologia, passaram a ser oferecidas seguindo esse modelo. Nestes casos, não era necessário mais a existência de um educador dentro de uma sala de aula.
A LDB de 1996 possibilitou a criação da figura do centro universitário, que, como as universidades, teria uma maior autonomia, podendo, por exemplo, criar cursos e remanejar vagas, mas sem precisar desenvolver atividades de pesquisa e de extensão. Se até 1997, os donos das faculdades particulares investiam na contratação de mestres e doutores, na melhoria das bibliotecas e dos laboratórios, visando a transformação em uma universidade, depois daquele ano, todo esse esforço não seria mais necessário na medida em que tornar-se centro universitário seria algo mais vantajoso. Isso explica, em parte, a desvalorização dos professores-doutores.
Assim, com a demissão de mestres e doutores, o fechamento de cursos de mestrado e o abandono das atividades de pesquisa, os proprietários das instituições particulares poderiam oferecer cursos com mensalidades mais baixas (e qualidade duvidosa), contratando profissionais recém-formados - sem mestrado ou doutorado - para o corpo docente.
O resultado está aí. As lideranças brasileiras não deveriam apenas reclamar do "apagão de talentos", mas deveriam principalmente compreender como tudo isso aconteceu e, a partir desse esclarecimento, apresentar alternativas sérias visando a melhoria da qualidade do ensino superior no país.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

PODEROSOS INTOCÁVEIS

Nos programas populares sobre crimes e na linguagem dos policiais aparecem duas palavras fundamentais e opostas: trabalhador e malandro. O indivíduo seria uma coisa ou outra.
Uma das chamadas do Jornal Nacional em 1° de novembro de 2011 foi: "sobram vagas para os empregos temporários de fim de ano".
Em outras palavras, de acordo com os meios de comunicação de massa, só não trabalha quem não quer. O mercado faz a sua parte e oferece os empregos e caberia ao trabalhador decidir se aceita ou não. A escolha do trabalho seria uma decisão pessoal do indivíduo. Logo, se ele encontra-se desempregado, a culpa seria dele, que seria um malandro que desejaria só vida boa, ou seja, um irresponsável que não faz nada.
De fato, no capitalismo, quem não trabalha, estaria errado. "(...) A figura do homem trabalhador representou o ideal desta sociedade. Resta-nos perguntar: o que irá acontecer quando (...) à sociedade do trabalho, faltar o trabalho?" (Dahrendorf apud Masi)
É o que ocorre atualmente, após a revolução tecnológica dos computadores pessoais e a consolidação do processo de globalização.
A questão é avaliar até quando a ideologia dos meios de comunicação de massa conseguirá disfarçar um problema que é estrutural, do próprio modo de produção capitalista, e ainda colocar a culpa de tudo (individualmente) no trabalhador?
No discurso das elites, bastaria o indivíduo estudar, realizando um curso técnico ou uma faculdade, e ele teria o seu trabalho. Mas não existem empregos para todos!
Além disto, "a segurança provida pelos diplomas diminuiu, as aposentadorias estão ameaçadas e as carreiras já não se acham garantidas. (...) O vento virou e, para fugir dele, as multidões superqualificadas já mendigam funções obscuras dos quadros administrativos." (Corinne Maier, p. 16)
Perceber que existe algo errado não é difícil. O problema é a força da ideologia e dos meios de comunicação de massa, aliada a uma tendência do ser humano em fugir da realidade. O indivíduo dito normal, aquele da maioria, tem medo de si, do outro, do futuro... Precisa da fantasia, da novela diária, de acreditar que trabalhando ou estudando a semana inteira, será feliz no fim de semana...
Neste contexto, existem aqueles que se consideram os "poderosos intocáveis" (PI): são os indivíduos que enganam os outros, manipulam, se acham superiores, imbatíveis e acreditam que nunca serão derrotados. É comum encontrá-los entre os políticos.
Adolf Hitler tinha praticamente o controle de toda a Alemanha. Acreditava que pertencia a uma raça superior. Foi derrotado na Segunda Guerra Mundial. Suicidou. Recentemente, Suddam Hussein, controlava o seu país, o Iraque, atacou o Kuwait, desafiou a maior potência mundial. Foi preso (num buraco, com mais de 800.000 dólares), julgado e enforcado. Quem poderia imaginar que um dia Muamar Kadafi, após 42 anos no poder, seria preso em um esgoto, torturado e assassinado por seus opositores? Apesar de acreditar no domínio que tinham sobre seu povo, os três ditadores foram derrotados sobretudo por causa de um inimigo externo. E quando esse inimigo não ataca e o político acredita que possui o controle do seu povo? Trata-se do caso de Hugo Chávez, há mais de 10 anos no poder na Venezuela, mas, recentemente, descobriu que estava com câncer de próstata.
Mas, então, quem é imbatível, intocável? Quem vence? "Stalin dizia que, no final, é sempre a morte que vence." Ou seja, um dos maiores ditadores do século XX, pelo menos sabia de sua limitação - coisa que muitos indivíduos não perceberam ainda...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

EDUCAÇÃO, TELEVISÃO E NOVAS TECNOLOGIAS

Prof. Dr. Selmane Felipe de Oliveira

Ao longo dos "recentes séculos", a educação infanto-juvenil ficou a cargo, primeiro, da igreja, depois, da escola, e, finalmente, da mídia, em especial a televisão.
No Brasil, a televisão, a partir da criação do que seria a Rede Globo, na década de 1960, teve um papel importante de "integração nacional". As imagens da TV chegariam onde as rodovias e as ferrovias não conseguiram penetrar.
O problema inicial foi o contexto desta expansão. Havia uma ditadura militar no país. A Globo tornou-se, na época, quase uma porta-voz do Estado. Na medida em que a valorização da escola sempre foi um problema grave no Brasil, a maioria passou a buscar as informações na televisão. O aparelho virou o centro da casa e toda residência tinha uma TV. Era ali que se encontrava diversão, noticiário e esporte. O que não aparecia era assuntos relacionados à política, por ser um momento de ditadura. Existia ainda uma censura aos meios de comunicação, o que complicava ainda mais o processo.
A televisão, nas décadas de 1960 e 1970, funcionava como uma aparelho ideológico do Estado brasileiro, tratando de interesses da elite social. A frase pode parecer um velho dogma comunista, mas a realidade era essa. Ela jamais poderia ser considerada um instrumento de educação e esclarecimento para a população.
Com o fim da ditadura militar em 1985, o país mudou, mas a Globo continuou hegemônica. As eleições para presidente da República tornaram-se diretas, houve um revezamento de partidos políticos no poder e o país começou a participar mais ativamente do processo que viria a ser denominado "globalização". 
Com tal processo, a revolução tecnológica - com a criação do Computador Pessoal e da Internet (comercial) - passou a ser vista como uma ameaça a hegemonia da televisão, sobretudo após da década de 1990. Atualmente, os telefones celulares, com internet e redes sociais, influenciam transformações populares importantes, tanto em países como Egito, Líbia, Síria como Chile e Espanha. Estas transformações são lideradas por jovens.
Se havia um monopólio da informação com a televisão, o que criava um telespectador passivo diante de uma tela, com o computador, o celular e a internet, o processo foi outro, pois todos produziam e trocavam as notícias. O monopólio foi quebrado. A televisão, naquele modelo antigo, é uma ferramenta em extinção. Neste sentido, as novas tecnologias, apesar de todas as limitações, contribuíram mais para a educação das crianças e adolescentes do que as tentativas anteriores, não só pensando nos casos do rádio e da televisão, mas também nos papéis assumidos pela igreja e pela escola.