sexta-feira, 8 de abril de 2011

AUTORES E LEITORES

Sempre que posso, procuro explicar que os meus textos opinativos são diferentes das minhas teses e outros livros.

A pesquisa em história é um trabalho muito difícil e muito sério.

Os textos opinativos são leves, são comentários sobre o cotidiano sem comprovação de fontes ou de documentos. Refletem a minha opinião sobre um fato, num determinado momento, não mais do que isso.

Talvez os textos opinativos possam servir de fonte para algum psicanalista (ou leitor) que queira entender a minha personalidade. Existem, falhas, contradições, que, se for feita uma leitura freudiana dos textos, não ocorreriam por acaso. Sem problemas. Qualquer pessoa está sujeita a análise do outro, tanto no processo terapêutico como naquilo que escreve ou mesmo nos atos do dia a dia.

Eric Hobsbawm, para não ver confundida a sua atividade de historiador com o seu interesse pela música, publicou a "História Social do Jazz" sob o pseudônimo de Francis Newton. Em edições posteriores, o livro saiu com o seu nome verdadeiro.

Acredito que não seria necessário utilizar pseudônimos para separar os trabalhos científicos e os textos opinativos de um autor. Um bom leitor saberia identificar a diferença. O outro tipo de leitor, aquele ingênuo ou interessado em fazer críticas parciais e superficiais, não deve ser levado a sério.