sexta-feira, 18 de março de 2011

FIM DA HISTÓRIA?

No início da década de 1990, houve uma euforia quanto ao fim da União Soviética. Isso levou, por parte de Francis Fukuyama, a retomada do debate sobre o "fim da História". Ele sofreu críticas de vários autores. Stuart Sim resumiu a postura de Jacques Derrida na polêmica:

"The 'end of history' is not the good news that Fukuyama believes it to be; not is we have any desire at all to contest the balance of economic and political power that currently prevails in our world. I may have taken a while to establish it with certainty, and kept many in suspense in the interim, but, ultimately, Derridean deconstruction is on the side of left-wings angels." (Derrida and the End of History, p. 63)

A realidade, depois de quase duas décadas, mostrou que o otimismo de Fukuyama estava errado. O capitalismo globalizado acirrou as diferenças sociais em todo o mundo e reforçou a acumulação de riquezas nas mãos de poucos. A crise do socialismo real não demonstrou que a resposta seria o modo de produção capitalista. As ditaduras no leste europeu estavam erradas, assim como sempre foi equivocado o individualismo proposto pelos liberais.

Em 1994, Viviane Forrester já denunciava as falhas da ideologia:

"Et il n'est pas question aujourd'hui d'une 'fin de histoire', como on a tenté de nous en persuader; mais d'un déchaînement de l'Histoire, au contraire, comme jamais agitée, manipulée commo jamais, dans un sens unique , vers une 'pensée unique' axée, malgré l'élégante efficacité de certains camouflages, vers le profit." (L'Horreur Économique, p. 131)
A dificuldade de lutar contra esse "pensamento único" permanece ainda em 2011. A associação entre capitalismo e modernização, sobretudo com o avanço das novas tecnologias, acabou sendo aceita pela maioria. O individualismo parece ser a norma e o consumismo aparece como a resposta imediata num mundo onde existe cada vez mais miséria e desemprego. As multinacionais demitem milhares de trabalhadores e os seus lucros aumentam. Qual seria o sentido de tudo isso? Lucro. Acumular capital. Os problemas decorrentes deste processo parecem não afetar a elite. O aumento no número de "homeless", na violência e na criminalidade, inclusive nos países ricos, é mostrado como algo "natural" do desenvolvimento.

Não existe alternativa? Pelo menos até hoje, as esquerdas e os opositores do capitalismo não souberam elaborar um projeto global que servisse de contraponto ao neoliberalismo globalizado. Então, como diria Lênin, o que fazer? Está aí uma boa pergunta.