quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Este texto é uma pequena homenagem ao Prof. Dr. Bernard Bernadino, um dos maiores educadores que eu conheci.

Nos oito anos do governo Lula, houve um desprezo quanto à educação. O presidente se elogiava por não ter estudado e ter chegado ao executivo federal. Dizia que não precisava saber línguas estrangeiras, pois era acompanhado de especialistas em suas viagens internacionais. Quando tinha oportunidade, criticava os bolsistas do doutorado, como se eles fossem desnecessários. Além da grande expansão no número de faculdades particulares, houve a dispensa em massa de professores com doutorado e mestrado. Era reforçada a mentalidade de que conhecimento não era importante. O exemplo começava na presidência da República.

O resultado disto tudo será percebido principalmente a longo prazo. Os sinais, contudo, começaram na gestão do presidente petista. Um deles foi o agravamento da indisciplina e da falta de respeito ao professor em todo o país. Em 2009, um professor foi assassinado por drogados, em sala de aula, na frente dos alunos. Em 2010, ocorreram outros casos graves. Em Porto Alegre, um aluno de uma escola técnica quebrou os dois braços da professora por causa de uma nota "C". Em Belo Horizonte, numa faculdade particular - Instituto Isabela Hendrix -, um aluno, que havia sido reprovado, matou um professor com facadas. O docente faleceu dentro da sala de aula.

Em dezembro de 2010, este tema tornou-se pauta do "Profissão Repórter" da TV Globo. Foram citadas várias escolas e depoimentos de diretores, professores e alunos. Numa escola estadual em Florianópolis, em virtude de uma agressão contra a diretora, os professores entraram em greve. Maurício, professor de História, estava bastante desanimado, pois não conseguia controlar os alunos. Só metade, de quem estava na sala, prestava atenção no que o professor dizia e ainda era agredida pelos alunos indisciplinados. Em depoimento, a professora Elizabeth disse que quando pensava em sala de aula, sentia depressão e náusea. E completou: "cansei de remar contra a maré e não volto à sala de aula." Numa escola municipal do Rio de Janeiro, o diagnóstico de outra professora foi de Transtorno Pós-Traumático. O caso era tão grave, que a professora tinha medo de sair na rua. Na sua opinião, além do que os alunos faziam, havia falta de apoio da direção da escola.

Diante deste quadro, uma das primeiras propagandas do governo Dilma foi uma que destacava a profissão e a importância do professor. Auto-crítica do PT? Não. O fato é que ninguém quer ser professor. Como as escolas e faculdades funcionariam sem os professores? O que os filhos ficariam fazendo enquanto os pais estão trabalhando? Eles vão para as escolas... mas... e se não existirem professores? Pior: com a desqualificação da profissão, qualquer um poderia entrar na sala de aula e se apresentar como "professor" - sem ter formação adequada. Já imaginou? Além da violência e do erotismo que aparecem na TV, os filhos estariam entregues diariamente, nas escolas, nas mãos de profissionais sem qualificação. Três "aparelhos" (como diria Althusser) básicos na formação do cidadão: a família (ausência dos pais), a escola e os meios de comunicação, sobretudo a TV... dá para imaginar o resultado? Se, hoje em dia, as pessoas reclamam que não existe mais respeito à autoridade e o que se vê é uma violência absurda no cotidiano, o que ocorrerá daqui alguns anos, quando as crianças e os adolescentes desta geração chegarem à vida adulta? Assustador? "Welcome to the future..."