quinta-feira, 3 de novembro de 2011

PODEROSOS INTOCÁVEIS

Nos programas populares sobre crimes e na linguagem dos policiais aparecem duas palavras fundamentais e opostas: trabalhador e malandro. O indivíduo seria uma coisa ou outra.
Uma das chamadas do Jornal Nacional em 1° de novembro de 2011 foi: "sobram vagas para os empregos temporários de fim de ano".
Em outras palavras, de acordo com os meios de comunicação de massa, só não trabalha quem não quer. O mercado faz a sua parte e oferece os empregos e caberia ao trabalhador decidir se aceita ou não. A escolha do trabalho seria uma decisão pessoal do indivíduo. Logo, se ele encontra-se desempregado, a culpa seria dele, que seria um malandro que desejaria só vida boa, ou seja, um irresponsável que não faz nada.
De fato, no capitalismo, quem não trabalha, estaria errado. "(...) A figura do homem trabalhador representou o ideal desta sociedade. Resta-nos perguntar: o que irá acontecer quando (...) à sociedade do trabalho, faltar o trabalho?" (Dahrendorf apud Masi)
É o que ocorre atualmente, após a revolução tecnológica dos computadores pessoais e a consolidação do processo de globalização.
A questão é avaliar até quando a ideologia dos meios de comunicação de massa conseguirá disfarçar um problema que é estrutural, do próprio modo de produção capitalista, e ainda colocar a culpa de tudo (individualmente) no trabalhador?
No discurso das elites, bastaria o indivíduo estudar, realizando um curso técnico ou uma faculdade, e ele teria o seu trabalho. Mas não existem empregos para todos!
Além disto, "a segurança provida pelos diplomas diminuiu, as aposentadorias estão ameaçadas e as carreiras já não se acham garantidas. (...) O vento virou e, para fugir dele, as multidões superqualificadas já mendigam funções obscuras dos quadros administrativos." (Corinne Maier, p. 16)
Perceber que existe algo errado não é difícil. O problema é a força da ideologia e dos meios de comunicação de massa, aliada a uma tendência do ser humano em fugir da realidade. O indivíduo dito normal, aquele da maioria, tem medo de si, do outro, do futuro... Precisa da fantasia, da novela diária, de acreditar que trabalhando ou estudando a semana inteira, será feliz no fim de semana...
Neste contexto, existem aqueles que se consideram os "poderosos intocáveis" (PI): são os indivíduos que enganam os outros, manipulam, se acham superiores, imbatíveis e acreditam que nunca serão derrotados. É comum encontrá-los entre os políticos.
Adolf Hitler tinha praticamente o controle de toda a Alemanha. Acreditava que pertencia a uma raça superior. Foi derrotado na Segunda Guerra Mundial. Suicidou. Recentemente, Suddam Hussein, controlava o seu país, o Iraque, atacou o Kuwait, desafiou a maior potência mundial. Foi preso (num buraco, com mais de 800.000 dólares), julgado e enforcado. Quem poderia imaginar que um dia Muamar Kadafi, após 42 anos no poder, seria preso em um esgoto, torturado e assassinado por seus opositores? Apesar de acreditar no domínio que tinham sobre seu povo, os três ditadores foram derrotados sobretudo por causa de um inimigo externo. E quando esse inimigo não ataca e o político acredita que possui o controle do seu povo? Trata-se do caso de Hugo Chávez, há mais de 10 anos no poder na Venezuela, mas, recentemente, descobriu que estava com câncer de próstata.
Mas, então, quem é imbatível, intocável? Quem vence? "Stalin dizia que, no final, é sempre a morte que vence." Ou seja, um dos maiores ditadores do século XX, pelo menos sabia de sua limitação - coisa que muitos indivíduos não perceberam ainda...