quinta-feira, 21 de novembro de 2013

COTIDIANO E ALIENAÇÃO

Problematizar a alienação não é algo simples. O pressuposto, basicamente, seria que as pessoas são adultas e, portanto, seria possível discutir e desmistificar a realidade. Mas não é tão simples assim. Se o que mantém um indivíduo vivo seria a ilusão proporcionada pelos dogmas de uma religião, se isso for tirado dele, o que sobra? Gente mais esclarecida usa drogas legais (Lexotan, Prozac, Lithium, Zoloft, Rivotril, entre outros) e ilegais (cocaína e maconha, por exemplo) quando acham necessário no sentido de suportar as contradições da realidade. Mas e uma pessoa das chamadas classes populares? Karl Marx estava certo: a religião "é o ópio do povo." Trata-se de acreditar que tudo pode melhorar no futuro (que não existe) e aceitar o sofrimento do cotidiano (que é real). Novamente, Karl Marx: "O sofrimento religioso é, ao mesmo tempo, a expressão do sofrimento real e um protesto contra o sofrimento real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração e a alma de condições desalmadas." Aceitar que a dor seria necessária ao ser humano, de certa forma, seria como ter fé num "futuro perfeito". Alguns podem argumentar que o próprio Marx acreditou nisto ao defender o comunismo e o socialismo. Talvez. A minha sugestão é que, ao ler Marx, não deve ser confundida a sua prática política com a sua filosofia. Em outras palavras, trata-se de um pensamento sofisticado que não pode ser confundido com as práticas dos ditos comunistas desde a Revolução Russa até os dias de hoje.