quarta-feira, 14 de setembro de 2011

EDUCAÇÃO, TELEVISÃO E NOVAS TECNOLOGIAS

Prof. Dr. Selmane Felipe de Oliveira

Ao longo dos "recentes séculos", a educação infanto-juvenil ficou a cargo, primeiro, da igreja, depois, da escola, e, finalmente, da mídia, em especial a televisão.
No Brasil, a televisão, a partir da criação do que seria a Rede Globo, na década de 1960, teve um papel importante de "integração nacional". As imagens da TV chegariam onde as rodovias e as ferrovias não conseguiram penetrar.
O problema inicial foi o contexto desta expansão. Havia uma ditadura militar no país. A Globo tornou-se, na época, quase uma porta-voz do Estado. Na medida em que a valorização da escola sempre foi um problema grave no Brasil, a maioria passou a buscar as informações na televisão. O aparelho virou o centro da casa e toda residência tinha uma TV. Era ali que se encontrava diversão, noticiário e esporte. O que não aparecia era assuntos relacionados à política, por ser um momento de ditadura. Existia ainda uma censura aos meios de comunicação, o que complicava ainda mais o processo.
A televisão, nas décadas de 1960 e 1970, funcionava como uma aparelho ideológico do Estado brasileiro, tratando de interesses da elite social. A frase pode parecer um velho dogma comunista, mas a realidade era essa. Ela jamais poderia ser considerada um instrumento de educação e esclarecimento para a população.
Com o fim da ditadura militar em 1985, o país mudou, mas a Globo continuou hegemônica. As eleições para presidente da República tornaram-se diretas, houve um revezamento de partidos políticos no poder e o país começou a participar mais ativamente do processo que viria a ser denominado "globalização". 
Com tal processo, a revolução tecnológica - com a criação do Computador Pessoal e da Internet (comercial) - passou a ser vista como uma ameaça a hegemonia da televisão, sobretudo após da década de 1990. Atualmente, os telefones celulares, com internet e redes sociais, influenciam transformações populares importantes, tanto em países como Egito, Líbia, Síria como Chile e Espanha. Estas transformações são lideradas por jovens.
Se havia um monopólio da informação com a televisão, o que criava um telespectador passivo diante de uma tela, com o computador, o celular e a internet, o processo foi outro, pois todos produziam e trocavam as notícias. O monopólio foi quebrado. A televisão, naquele modelo antigo, é uma ferramenta em extinção. Neste sentido, as novas tecnologias, apesar de todas as limitações, contribuíram mais para a educação das crianças e adolescentes do que as tentativas anteriores, não só pensando nos casos do rádio e da televisão, mas também nos papéis assumidos pela igreja e pela escola.