terça-feira, 15 de maio de 2012

REVOLUÇÃO, SUICÍDIO E CRISE: 1845 E 2012

O país símbolo da crise atual é a Grécia. A aceitação de um plano de autoridade, com cortes nos salários e nas aposentarias, teve também, em 2012, o seu símbolo: o suicídio de um aposentado que dizia que preferia morrer do que perder a dignidade e morar nas ruas. Como foi dito em outro texto, em 2011, por causa da crise econômica, já havia ocorrido um aumento de 40% no número de suicídios neste país. (Notícias UOL) O suicídio, neste contexto, aparece como resultado de uma época em que as pessoas não acreditam em movimentos sociais, nos partidos políticos ou em revoluções. O único aspecto que permanece é a ganância da elite. A indiferença quanto aos desempregados, o aumento visível da miséria, também não é algo novo. Em 1845, Friederick Engels, diante da crise que vivia a maioria da população no Reino Unido, observava: "Se, ainda em tempo, a burguesia inglesa não parar para a reflexão - e tudo indica que isso certamente não ocorrerá - uma revolução, como nunca se viu até agora, acontecerá." (The Condition of the Working Class, p. 320) No século XIX, a revolução comunista era vista como a solução para a crise. A ação individual, como o suicídio ou qualquer outro ato, era descartada: "Além disto, não ocorre a qualquer comunista desejar a vingança individual ou acreditar nela. (...) É muito tarde para uma solução pacífica. As classes estão divididas (...)" (The Condition of the Working Class, p. 320-321) Os comunistas, em 1845, acreditavam na "certeza" de um evento que ocorreria no futuro: a revolução que acabaria com a divisão de classes. "As premissas [para isso] estariam nos inegáveis fatos decorrentes do desenvolvimento histórico e da natureza humana." (The Condition of the Working Class, p. 321) A revolução imaginada em 1845 não aconteceu. Em 2012, o indivíduo, diante da crise social, não imagina uma revolução como resposta. O problema, em 2012, é que esse mesmo indivíduo não apresenta outra alternativa. Daí, para alguns, o suicídio aparece como a única saída.